Carolina Duarte1,2; Jéssica Vicente1; Ângela Machado Fernandes1; Éder Kroeff Cardoso1; Luís Henrique Telles da Rosa2
DOI: 10.5935/2595-170X.20250013
RESUMO
OBJETIVO: Traçar o perfil epidemiológico e realizar uma comparação entre adultos e crianças vítimas de queimaduras admitidas em um hospital de pronto socorro.
MÉTODO: Trata-se de um estudo observacional do tipo retrospectivo transversal. Foi realizada uma análise dos prontuários eletrônicos de pacientes (0 a 99 anos), de ambos os sexos, internados em um hospital de pronto socorro, no período entre julho de 2022 e julho de 2023.
RESULTADOS: O estudo com 182 pacientes, sendo 76 adultos (41,75%) e 106 (58,25%) pediátricos, destaca diferenças significativas, como maior extensão de queimaduras e dias de internação em adultos. Causas predominantes: Houve 78 escaldamentos em crianças (73%), e 61 (80%) queimaduras por fogo em adultos, principalmente por acidentes domésticos/ocupacionais. Principais locais afetados: tronco e membros superiores. Utilização de talas mais comuns em crianças (31%). Gravidade maior em adultos, com taxa de mortalidade significativamente superior em comparação com crianças.
CONCLUSÕES: As queimaduras ocorrem mais em pessoas do sexo masculino, a causa mais comum foi escaldamento. Na comparação do público com adultos, as crianças foram as mais afetadas pelas queimaduras, no entanto, as maiores taxas de mortalidade estão presentes no público adulto.
Palavras-chave: Epidemiologia. Queimaduras. Unidades de Terapia Intensiva.
ABSTRACT
OBJECTIVE: Draw the epidemiological profile and carry out a comparison between adults and children victims of burns admitted to an emergency hospital.
METHODS: This is a cross-sectional observational retrospective study. An analysis was carried out of the electronic medical records of patients (0 to 99 years old), of both sexes, admitted to an emergency hospital, between July 2022 and July 2023.
RESULTS: The study with 182 patients, 76 of which were adults (41.75%) and 106 (58.25%) pediatrics, highlights significant differences, such as greater extent of burns and days of hospitalization in adults. Predominant causes: There were 78 scalds in children (73%), and 61 (80%) fire burns in adults, mainly due to domestic/occupational accidents. Main affected areas: trunk and upper limbs. Most common use of splints in children (31%). Greater severity in adults, with a significantly higher mortality rate compared to children.
CONCLUSIONS: Burns occur more frequently in males, the most common cause being scalding. When comparing the public with adults, children were the most affected by burns, however, the highest mortality rates are present in the adult public.
Keywords: Epidemiology. Burns. Intensive Care Units.
INTRODUÇÃO
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a queimadura é o quarto tipo mais comum de trauma no mundo, ficando atrás apenas da violência interpessoal, quedas e acidentes de trânsito, tornando-se uma das principais causas de morbimortalidade em países de baixa e média renda1. Considerada um problema de saúde pública, estima-se que no Brasil ocorram em torno de um milhão de acidentes com queimaduras por ano. Destes, 10% das vítimas procurarão atendimento hospitalar, gerando custos expressivos para a saúde pública2.
As lesões por queimaduras estão relacionadas à idade e ao contexto social, podendo ser provocadas por frio, calor, radiação, fontes químicas ou elétricas. A maioria dos casos, no entanto, é causada por calor de líquidos quentes, chama direta, exposição à fumaça ou corrente elétrica3.
Estudos realizados em diversas partes do mundo apontam o escaldamento como a causa mais comum de queimaduras, especialmente em crianças abaixo de 2 anos de idade4-6. Enquanto o mecanismo do trauma mais comum em crianças envolve a colisão com recipientes contendo líquidos quentes na cozinha, em adultos predominam as queimaduras causadas por chamas em ambientes ocupacionais4.
É importante ressaltar que os avanços nos tratamentos para queimaduras contribuíram para o aumento da taxa de sobrevivência dos pacientes. No entanto, esse número crescente de sobreviventes necessita de uma reabilitação prolongada, uma vez que sequelas funcionais decorrentes do trauma térmico e processo de cicatrização podem ser bastante limitantes7.
Assim, este estudo teve como objetivo traçar o perfil epidemiológico de pacientes vítimas de queimaduras atendidos em um hospital público, visando identificar medidas que possam ser implementadas para reduzir a incidência desses casos e promover políticas de prevenção de forma mais eficaz e segura. Além disso, visa contribuir com o preparo da rede de saúde na reabilitação continuada desses pacientes.
MÉTODO
Trata-se de um estudo observacional, retrospectivo e transversal. Utilizou-se os dados fornecidos pelo Sistema de Informações Hospitalares (SiHo) referente aos pacientes admitidos no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, Brasil, no período de junho de 2022 a junho de 2023. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Secretária Municipal de Saúde de Porto Alegre (SMS-POA), sob o número 5.921.123.
A amostra se deu por incidência, incluindo todos os pacientes com queimaduras admitidos para tratamento em unidade específica para tratamento de queimados de um hospital público durante o período do estudo, totalizando 182 pacientes. Como critérios de exclusão, pacientes que não internaram na Unidade de Terapia Intensiva de Queimados e óbito em menos de 24 horas.
A amostra foi dividida em dois grupos: pacientes pediátricos (idade de 0 a 17 anos) e adultos (18 a 100 anos) porque os dois grupos apresentam características e variáveis específicas da faixa etária.
A descrição das variáveis qualitativas foi expressa em frequências absolutas e relativas. Os resultados quantitativos foram apresentados em média e desvio padrão (DP). Os dados foram testados quanto à sua normalidade pelo teste de Shapiro-Wilk. O Teste T de Student para amostras independentes foi utilizado para comparação das médias, e um intervalo de confiança de 95% (p<0,05) foi considerado como estatisticamente significativo.
RESULTADOS
A amostra final foi composta por 182 pacientes, sendo 76 (41,75%) adultos e 106 (58,25%) pediátricos. Dentre os dados contínuos (Tabela 1), pode-se verificar diferenças estatisticamente significativas em todas as variáveis analisadas, com destaque para a superfície corporal queimada e para dias de internação, com números quase três vezes maiores entre os pacientes adultos; e os dias de ventilação mecânica: na média, pacientes pediátricos ficaram por menos de um dia, enquanto os adultos por mais de 23 dias.
Na Tabela 2 são apresentadas as variáveis categóricas da amostra. Dois terços da amostra foi composta por homens. A causa da queimadura foi por prevalência de escaldamento entre os pacientes pediátricos, e por fogo nos pacientes adultos, e o motivo por prevalentemente por acidentes domésticos e/ ou ocupacionais em ambos os grupos, sendo o domicílio o local de maior ocorrência. Tanto em adultos como em crianças, os locais mais acometidos pelas queimaduras foram tronco (73,08%) e membros superiores (77,47%). Em relação ao tipo de tala utilizada, houve diferença entre adultos e crianças, além de terem sido mais utilizadas nas crianças (31,13%), houve predomínio do colar cervical (17,92%). Pouco mais de 18% dos adultos utilizaram talas, sendo predominante a tala funcional de mão (10,53%).
Verificou-se também que os adultos apresentaram uma maior pontuação no Abbreviated Burn Severity Index (ABSI) em relação aos pacientes pediátricos, e que houve um número significativamente maior de óbitos de adultos em relação às crianças.
DISCUSSÃO
As queimaduras são traumas frequentemente subestimados, desempenhando um papel significativo na morbidade e mortalidade em diversas partes do mundo8. Este estudo destaca que a maioria dos pacientes hospitalizados devido a queimaduras é do sexo masculino, independentemente da idade, corroborando com estudos anteriores4,9,10. Uma possível explicação para esse aspecto seja não só comportamentos durante a infância, mas pela exposição a riscos ocupacionais associados ao gênero masculino, na vida adulta9.
No que diz respeito à faixa etária, observou-se um número mais expressivo de pacientes pediátricos, o que pode ser explicado pelo desenvolvimento neuropsicomotor das crianças11. Além disso, características como curiosidade e interação com o ambiente podem contribuir, havendo casos de negligência por parte dos pais e cuidadores12,13. Sugere-se programa de educação aos pais para evitar acidentes na infância5.
Outra possível explicação para esse achado é que os pacientes pediátricos internados no nosso hospital apresentaram menor gravidade clínica ao compararmos com os adultos, o que resultou em um tempo menor de internação e, consequentemente, em uma maior rotatividade de pacientes pediátricos no período analisado.
Em relação à causa das queimaduras, nossos achados estão em consonância com estudos prévios, evidenciando que escaldamentos predominam em pacientes pediátricos, ocorrendo no ambiente doméstico, especialmente na cozinha5,13,14. Entre os adultos, as queimaduras por fogo são mais frequentes, geralmente relacionadas a atividades domésticas/ocupacionais, seguidas por queimaduras por choque elétrico, associadas a atividades laborais4,15.
Este estudo revelou que, além dos acidentes domésticos e laborais, um número significativo de pacientes apresentou queimaduras resultantes de tentativas de suicídio. A literatura indica que os homens cometem mais suicídio, enquanto as mulheres realizam mais tentativas, no entanto, neste estudo não encontrou-se diferença significativa entre os gêneros, observando uma média de idade de 46 anos. Tentativas de suicídio estão relacionadas a fatores socioeconômicos, relações interpessoais abusivas e uso de substâncias como drogas e álcool16.
Observou-se maior incidência de queimaduras no tronco e nos membros superiores, em conformidade com o relato de outros autores, que também destacam membros superiores, cabeça, pescoço e tronco como as áreas mais frequentemente acometidas4,5,16.
Em relação à espessura das queimaduras, observou-se que adultos foram mais afetados por queimaduras de terceiro grau, enquanto crianças predominantemente apresentaram queimaduras de segundo grau profundo. Esses achados se correlacionam com a maior gravidade das queimaduras causadas por fogo, mais comuns em adultos, em comparação aos escaldamentos, mais frequentes em crianças17. Esses achados são consistentes com o de um estudo anterior, no qual queimaduras de espessura total foram diagnosticadas em 23,4% dos adultos e 7,3% das crianças4.
Queimaduras graves necessitam de cuidados de reabilitação para promover a restauração da capacidade funcional, independência e integração social. É comum a manifestação de sequelas nesses indivíduos, sobretudo em termos de incapacidade funcional7. No presente estudo, observou-se uma expressiva incidência de queimaduras em membros superiores, o que pode ser bastante limitante.
Queimaduras profundas que resultam em limitações funcionais podem representar um grande obstáculo à reabilitação. O uso de talas pode ser recomendado, com o objetivo de prevenir o desenvolvimento de contraturas e promover a funcionalidade, principalmente em queimaduras da mão18.
Em nossos achados, embora as queimaduras tenham se apresentado com maior gravidade no grupo de adultos, a utilização de órteses foi mais frequente entre as crianças. Ademais, observou-se que, na alta hospitalar, as crianças apresentaram menos restrições de amplitude de movimento (ADM) em comparação aos adultos, possivelmente em decorrência do uso mais intensivo de talas durante o período de internação. Isso corrobora com estudos que relatam como eficazes a atuação da fisioterapia, imobilização e terapia ocupacional desde o estágio inicial18.
O emprego de escores de gravidade em pacientes queimados é amplamente discutido na literatura. Neste estudo, adotou-se o Abbreviated Burn Severity Index (ABSI), que leva em consideração diversos fatores para atribuir pontuações, tais como sexo, idade, superfície corporal queimada, profundidade da queimadura e presença de lesão inalatória. A partir dessas variáveis, é possível calcular a probabilidade de sobrevivência do paciente19.
O presente estudo evidenciou um ABSI maior em adultos, resultando em uma taxa de mortalidade mais elevada, atribuível a uma maior extensão da superfície corporal queimada, idade avançada, prevalência de queimaduras de terceiro grau e ocorrência de lesões inalatórias, achado este consistente com estudos prévios4.
Além disso, a necessidade de ventilação mecânica e o prolongado tempo de internação são fatores consistentemente associados a uma maior taxa de mortalidade na literatura. Esses indicadores não apenas refletem a gravidade das lesões, mas também estão relacionados a complicações respiratórias adicionais e ao aumento do risco de infecções hospitalares20.
Este estudo é um pequeno recorte de um problema complexo e de grande relevância para a saúde pública que requer um cuidado multiprofissional e continuado. Diferentes realidades são relatadas em trabalhos como esse realizados globalmente.
CONCLUSÕES
Com base nos dados analisados neste estudo, pode-se concluir que a prevalência de queimaduras ocorre no sexo masculino, predominantemente em crianças, contudo, as queimaduras em adultos apresentam uma gravidade e mortalidade superior. A análise do perfil epidemiológico realizada possibilitou a identificação das principais características e fatores de risco associados, contribuindo para o delineamento de estratégias mais eficazes de prevenção, tratamento e reabilitação. Verificou-se uma lacuna importante na continuidade do cuidado após a alta hospitalar, especialmente considerando que grande parte dos pacientes é proveniente de outros municípios. Esses achados evidenciam a necessidade não apenas de ações preventivas, mas também da qualificação do processo de alta hospitalar, com ênfase em intervenções educativas que promovam a autonomia e o autocuidado no domicílio.
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Recebido em
1 de Dezembro de 2024.
Aceito em
3 de Julho de 2025.
Local de realização do trabalho: Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre (HPS/POA), Porto Alegre, RS, Brasil.
Conflito de interesses: Os autores declaram não haver.